Para o meu pai...


Com o meu pai, a coisa mais difícil de se fazer é tirar-lhe uma foto. E por isso, nestes dias tenho que ir sempre ao baú. Neste caso, recuei mais de metade da minha vida e dedico-lhe esta foto, tirada num sábado de manhã (dia de ir para o trabalho mais tarde, na altura, e o meu dia favorito, agora). Gosto de o lembrar que ele não é só pai, nem marido, nem dono de café. É mais. É tudo o que sonhou desde pequeno e tudo o que pode continuar a sonhar. O meu pai é distinguível por ser um pai que sempre acreditou em nós, desde muito cedo, e pelo mesmo motivo. Por nos conseguir ver como seres individuais. Por nos levar a sério: nas nossas opiniões e decisões. 

Com ele, aprendi a ser melhor. A não deixar que ninguém me faça sentir o contrário. E a saber defender-me quando isso acontecesse. O meu pai é uma pessoa de objetivos. Acho que o que o melhor define é a sua capacidade de pensar em situações difíceis, de tomar decisões quando toda a gente já está a dramatizar e, ainda mais, por conseguir ver as coisas a longo prazo. Utilizando uma das suas citações preferidas, é uma pessoa que "vê mosquitos na Austrália". 

Eu sou muito o meu pai. Ainda que tenhamos opiniões bastante divergentes, que por vezes se transformam em autênticos debates à mesa, nós convergimos em tantas coisas. Somos (quase sempre!) a favor da ciência, adoramos fotografia e tecnologia no geral e fascinamo-nos pelas histórias do mundo. Somos muito isto: contadores de histórias. Gostamos sempre de chegar a casa com uma novidade para contar. Gostamos de rotinas. Somos pessoas que não se contentam com pouco, nem na nossa própria vida, nem nas pessoas que nos rodeiam. Exigimos muito delas e sabemos isso. Mas também damos grandes partes de nós em troca. E quando sentimos que não há retorno, temos ainda a capacidade de desvincular rapidamente. Como se estivéssemos treinados para combater isso. 

"Pensamos muito." Às vezes, pensamos demais, é verdade. Conspiramos um bocado. Temos aquele vício enorme de procurar o pior nas pessoas e só depois as aceitarmos. Mas somos assim. E são partes como estas que fotografam o nosso caminho. Aceitamo-nos como somos, exatamente por sermos os dois, em conjunto, muitas destas coisas.

Tenho muito orgulho nele. E acho que ele o sabe. Mesmo sem estes textos ou o típico Feliz Dia do Pai, Papá, ele sabe que nós o vemos como o exemplo


P.S: Tenho a certeza que ele vai adorar o facto de ainda ter cabelo nesta foto. Ah e, para o caso de abrires este link agora mesmo papá, logo há bolo.

Comentários

  1. E certamente que ele está muito orgulhoso da filha que tem e se ler estas palavras ainda mais :) P.s - Também posso comer bolo?

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  2. R: Tiras as tuas fantásticas fotos para pôr no insta e eu vou lá comer com os olhos, ahahah :) Muito obrigada Inês

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  3. Sinto o mesmo com o meu pai em relação das fotografias, torna-se mesmo impossível e acabo sempre por ir ao baú. Adorei as tuas palavras dirigidas ao teu papá :-)

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  4. Que lindo Inês :)) Quem tem um pai tem tudo! Menina do papá :p

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