PERSONAL | All about my college experience
Desde finais de 2014 até hoje, a minha vida nunca mudou tanto a esta velocidade enormesca que, confesso, às vezes me atordoar.
Quando se entra na universidade e, principalmente, quando se entra numa universidade longe de casa, muitas das coisas que considerávamos fáceis e corriqueiras deixam de o ser. O drama das manhãs aumenta e a hora de deitar pode não ser aquela que desejávamos.
Como sabem, (ou não) eu estou a viver numa residência universitária o que, se por um lado, ajuda nas despesas cá em casa, por outro, me tira regalias como dormir sem ouvir os despertadores das minhas 2 colegas de quarto. Isso e ter que ouvir toda a santa alma que vai à casa de banho a meio da noite, uma vez que o meu quarto está colado à única casa de banho existente em todo o 3º andar.
À hora do jantar, o cenário resume-se a um fogão partilhado por 5 raparigas e mais 5 a andarem de um lado para o outro, entre barulhos de microondas a dizerem que a massa está pronta e ainda mais 2 pessoas a lavarem a louça. Eu e as minhas colegas chamamos-lhe a "hora de ponta" da cozinha e, por isso, às vezes, tentamos jantar ainda antes do telejornal.
Neste semestre - que, por incrível que pareça, ainda não acabou - aprendi imensas coisas: desde maquilhar-me às escuras até a andar de metro. Aprendi que a cidade acorda muito mais cedo do que eu, apesar de nunca se chegar a deitar. Aprendi que a nossa tolerância tem de esticar e esticar e esticar, adaptando-se a certas coisas do nosso dia-a-dia lisboeta.
Quanto à universidade propriamente dita, não podia estar mais feliz de estar onde estou. Surpreendo-me a cada dia que passa com as coisas que aprendo e até me sinto estimulada a compreender aquelas que me dão dores de cabeça.
Não posso deixar de ser sincera e dizer que longos foram os dias em que sofri com ansiedades e todo o tipo de medos em relação às minhas provas. Tive alturas em que pensei não ser capaz, não ter a inteligência necessária que o curso me exigia, ... Muitas foram as coisas que me passaram pela cabeça e a pressão a que este curso nos submete atingiu-me de uma forma temporária sim, mas forte.
Hoje tenho a certeza que aprendi com os dias que sofri. Tenho a certeza que foram necessários para eu perceber que afinal sou capaz disto e de muito mais.
Estar longe dos meus pais, fazer a minha própria comida e ainda estudar intensivamente (como nunca estudei, ainda que já me considerasse uma grande marrona no secundário) foram ingredientes que me levaram certezas e me trouxeram dúvidas acerca da minha vida, mas uma coisa nunca me fizeram pensar: desistir do curso. Costumo dizer que se for para haver desistências, terá que ser ele a desistir de mim.
Depois deste esforço enorme, posso dizer que tudo teve lugar para grandes recompensas. Tudo fez parte de um plano para acabar em forma de final feliz. Dos 3 exames que já fiz, passei a todos e isso enche-me o coração. A verdade é que chegamos a uma altura que pensamos que nada vai ser feito, que nada será tão difícil como aquilo por que estamos a passar, mas tudo isso faz parte do momento, da insegurança. Tudo passa. E se não passar, é porque não chegamos ainda ao fim.
Os meus pais.
Não poderia deixar de falar neles. Sofreram comigo mas nem uma lágrima derramaram. Confiaram em mim. Eles sabiam que eu ia chegar lá, de uma maneira ou de outra, eu havia de conseguir. Sabiam-no quando eu não me achava minimamente capaz. Sabiam-me merecedora de tudo. E tenho que o perceber de uma vez por todas: Eu mereço a vida que tenho e todas as coisas que alcanço faço-o por e para mim e faço-o bem. Eu mereço ter estas notas porque trabalhei muito, sem dias de pausa nem queixas insignificantes. Eu, eu e eu. Tenho de pensar mais em mim. Focar-me mais naquilo em que sou realmente boa e perceber que sempre fui forte e que continuo a sê-lo. Que a força está na nossa atitude, na forma como respondemos àquilo que nos degrada.
Quero ainda deixar aqui um agradecimento especial ao Coscarelli, que me viu panicar com Anatomia e que me fez sorrir com as suas introduções palermas aos vídeos.
Nesta imagem, estão 1001 fotos que publiquei diaramente na minha conta do instagram e que, de certa forma, me ajudaram a colorir os meus dias com inspiração e beleza!
Para todos aqueles que terminaram o semestre - seja com boas ou más notas, doesn't matter! -faço-vos uma vénia e peço-vos para aproveitarem bem estas férias que eu, de certeza, não irei ter.
Precisava de vos pôr a par das minhas andanças e deixar Biologia Molecular da Célula de parte, porque há coisas mais importantes do que uma cadeira.
How I've missed my blog.
Love,
IV.
Tão bom ler isto! Este texto encheu-me o coração, fiquei mesmo contente por ti :)
ResponderEliminarAdorei. Está lindo!!
ResponderEliminarAdorei. Está lindo!!
ResponderEliminarGostei tanto de ler este post, Nês! Desejo-te a maior sorte do mundo para os exames em falta!
ResponderEliminarBeijinho*
Adorei o texto e depois de 4 anos na universidade, estou agora no 4º, e mesmo não tendo ido para longe por opção minha (errada vejo agora!), vejo muito de mim no que escreveste !
ResponderEliminarJá te seguia no insta à algum tempo pois moramos na mesma cidade e hoje vim aqui ao blog e adorei e já tens mais uma seguidora !
Boa sorte <3
Inêssssssssss! Já te disse que adorei este texto, não já?!
ResponderEliminarRealmente és espetacular e os teus seguidores que o digam...
Nota-se mesmo que fazes aquilo que gostas e é mesmo gratificante para nós próprios, quando isso acontece. Fico tão feliz por ti, do coração :)
Que sejas sempre essa pessoa cheia de força e com vontade de lutar por aquilo e por quem acreditas!
Beijinhoo Nês **
Acho sinceramente de mau tom te referires assim as residências universitárias, quem esta mal muda-se..
ResponderEliminarQue bela imagem que se passa, daquela que para muitas pessoas passa a ser a sua casa.
Anda o estado a garantir todos os anos milhares de euros para residências universitárias, e tu que usufruis disso ainda vens reclamar, quando certamente pagas uma miséria mensalmente pelas qualidades que tens.
A parte disso, esta muito bonito o texto, parabéns.
Anónimo, não vejo como detetaste o mau tom, sinceramente. Porque estou a ter bastante dificuldade em perceber como formulaste uma opinião por mim, dizendo que eu me dou mal com o conceito de residência universitária.
ResponderEliminarA residência é sim a minha casa, na maior parte do ano. E é por este mesmo motivo que soube fazer uma descrição do ambiente de uma. Palavras meramente descritivas e não destrutivas. Tão simples quanto isso. Mas textos estão sempre sujeitos a más interpretações. Vou acreditar que foi um exemplo disso.
Obrigada pelo elogio.
Gostava imenso de acompanhar o teu instagram. :)
ResponderEliminarHá alguma possibilidade de o fazer ou preferes não partilhar connosco? :)