FACTS | "Medicine is not healthcare, it is sick-care"



"And when you give sick-care to culture and call it HEALTHCARE, you end up with a sick society with unsustainable costs and poor results."

por Dr. Patrick Gentempo 


Não podia concordar mais com esta forte e necessária afirmação. O modelo das práticas médicas segue, desde há muito tempo, a convenção de que se deve tratar, curar, recuperar os doentes que nos passam pelas mãos. É assim que muito boa gente o entende e talvez até vocês, aí desse lado, sintam uma certa estranheza nesta minha introdução porque, na verdade, não é para isso que os hospitais bem como todos os profissionais de saúde servem?

A minha resposta é: Sim, também. No entanto, cada vez mais me convenço que esses motes devem vir em segundo plano, devem existir quando é caso para tal e não de forma metódica e habitual.

Por outras palavras, defendo que a Medicina deve ser sempre preventiva: deve evitar, alertar  e pincipalmente, preocupar-se em tomar medidas de modo a manter o bem-estar do ser humano. Há que haver um esforço gradual e consistente que transforme o consultório num local onde as pessoas possam informar-se acerca do que melhor podem fazer pelas suas vidas, no que toca a promover a sua qualidade e, de certa forma, a daquela que as rodeiam. Não basta receitar-se fármacos para o excesso de colesterol, não. Tem que existir uma reconstrução de mentalidades, por parte dos médicos, no que toca a informar os doentes acerca do poder dos alimentos, desde o dia 1. E é por isto que insisto muito nesta ideia de que todos os médicos deveriam mesmo ter um quê de nutricionistas. É urgente haver esta aliança entre corpo e mente sã e eu defendo mesmo que isso passa por esta visão mais nutritiva das coisas.

Acreditem quando vos digo que nutrição é um campo ainda muito pouco explorado no nosso curso e essa, para mim, é uma das falhas (corrigíveis) do SNS. Porque tudo na vida se trata de educação e a nossa saúde pode lucrar imenso quando nos educamos a comer. É um passo tão simples dos nossos dias, sem o qual não vivemos e, no entanto, somos ainda muito primitivos a fazê-lo. Escolhemos o fácil, o mais apetecível e claro, também o mais prejudicial. 

Quando falo em comer, refiro-me a tudo o que isso implica: o deitar depois de uma refeição; que torna o processo da digestão bem mais difícil de ocorrer, o beber álcool em excesso; que se consta que prejudique a produção de células cerebrais e ainda o belo do sedentarismo; que claro favorece a estagnação das melhores amigas do Homem do século XXI: as gorduras.

A Medicina Preventiva agrada-me mesmo. Dá-me certezas de que é a passar pelo sermão do "Não faças isso porque um dia isto poderá acontecer" que caminhamos para longe do precipício, porque a verdade é que só quando saímos do processo de negação dos factos é que entendemos aquilo que nos faz realmente mal e aí começamos de novo, com práticas orientadas para a longevidade dos nossos dias.

O meu conselho é:  Nunca deixem de lutar por vocês, seja por um corpo melhor, uma mente melhor, o que for para melhor, não parem de querer ser curiosos, de querer ver o que há para lá do que o vosso amigo vos aconselha ou até o vosso próprio médico. Informem-se. Percebam a receita para uma vida livre de maiores perigos. E, sempre que possível, comecem por repensar no vosso próprio estilo de vida: é aqui que devem perder todo o tempo necessário para as devidas remodelações.

Comentários

  1. Muito honestamente o que eu depreendo (enquanto estudante de Nutrição e enquanto utente de saúde) é que os médicos têm uma preparação para a prevenção paupérrima. E não querendo ser generalista, vou referir-me aquilo que referes na tua publicação: nutrição. Em 20 anos de vida que tenho, só uma médica me soube falar abertamente de alimentação, e não foi uma coisa aí além de extraordinária. E falamos de uma vida inteira de diferentes centros de saúde, hospitais, carreiras e idades. É um ultraje.
    Concordo plenamente contigo no que toca a considerar o sistema de saúde como um meio de prevenção e não de tratamento (até porque economicamente faria uma diferença cabal) mas não acho que os médicos tenham de ser um pouco nutricionistas, nem farmacêuticos como dás a entender. Tampouco estou a querer dizer que os médicos têm de permanecer ignorantes e leigos acerca de detalhes cruciais da alimentação como tenho vindo a reparar. Não. Os médicos têm de começar a saber delegar e encaminhar e saber o mínimo (que quase nenhum sabe). Nessas consultas informativas que falas, os médicos têm de se lembrar das nutricionistas porque essa é a competência delas e é para isso que servem. É a nossa área. Tal como uma nutricionista delega qualquer tarefa médica para uma entidade competente. E isto não acontece, há uma ganância assustadora que faz com que, cada vez mais o sistema de saúde seja considerado um tratamento e uma cura. É absurdo. É absurdo haver tantas faculdades de Medicina e só duas terem a cadeira de Nutrição (que é optativa e 90% fala de metabolismos). Revoltante!

    Por isso sim, intervir, informar, prevenir e aprendermos o mais que podermos! Essencialmente isto, aprender com outras áreas, actualizar conhecimentos, entre outros. Mas começar a saber delegar também :)

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  2. R: Quando os médicos e nutricionistas se unem, a magia na saúde acontece :) Eu gosto bastante da Mariana Abecassis e da Iara, gosto das dietas realistas delas e da acessibilidade dos alimentos que elas recomendam :)

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