Recordações de Infância | D A Y 12
A início vi este tema e pensei: Tenho tantas coisas para dizer, mas nenhuma em específico que me traga uma recordação memorável dos meus Natais.
Mas estava tão enganada. Como é que por minutos me esqueci da estrutura mais importante e marcante de todos os meus primeiros Natais?
Os meus Natais, assim como toda a minha infância, estão guardados na minha memória sob a forma de um local: "o apartamento". É assim que ainda hoje, cá em casa, todos nos referimos a ele. O apartamento foi cenário espectador da minha primeira sopinha, dos meus primeiros passos, do dente que caiu e das pegadas que a fada madrinha deixou quando entrou sorrateiramente no quarto. O apartamento. Mais especificamente aquele quarto andar. Foi ali que vivemos até completarmos 10 aninhos. E é ali que todos (secretamente) pensamos um dia, quem sabe, regressar. O apartamento. Localizado no centro de Vila Nova de Famalicão, a 100 passos da escola primária, do trabalho da mamã e do papá.
O apartamento foi o palco dos meus Natais. Viu-me chorar de alegria ao receber aquela boneca e viu-me esperar ansiosamente pelo bubu e pela bobó. Viu-me receber a minha primeira "cozinha" e assistiu ao meu primeiro bacalhau, feito de ar e vento, numa panela vazia, enquanto toda a gente à minha volta aplaudia a excelente "refeição".
Todos nos lembramos do soalho feito de tacos envernizados, que de vez em quando saiam do sítio e davam dores de cabeça ao meu pai. Todos odiávamos esse chão. Também nos recordamos do quanto a cozinha era pequena e demasiado longa ao mesmo tempo. A minha mãe então! Odiava, odiava, odiava tanto que prometeu nunca comprar uma casa que não tivesse uma cozinha grande.
A mudança para a nova casa foi boa. Todos estávamos apaixonados por ela. Mas eis que chega o primeiro Natal na casa nova. Era a estreia! A casa estava muito bonita e o forno novo fez um bacalhau como nunca antes visto! Tínhamos espaço para todos à mesa, ninguém tropeçava nos tacos envernizados e chatos do chão e a minha mãe finalmente conseguia respirar na cozinha. Tudo estava bem. No entanto, parte do meu Natal tinha permanecido no apartamento.
Foi nesse momento que me apercebi que nunca conseguimos trazer as nossas trouxas todas em mudanças. Nunca. Há sempre partes da nossa vida - das importantes! - que ficam nos sítios por onde passamos. Foi aí que percebi que o Natal ia ser diferente. Percebi que eu mesma estava diferente. A magia tinha-se perdido um pedacito. E, apesar de o Natal ter sido bem vivido, tudo estava bem diferente à minha volta. Eu e o Diogo tínhamos crescido, a mamã e o papá envelhecido e o apartamento deixado para trás.
Foi nesse momento que me apercebi que nunca conseguimos trazer as nossas trouxas todas em mudanças. Nunca. Há sempre partes da nossa vida - das importantes! - que ficam nos sítios por onde passamos. Foi aí que percebi que o Natal ia ser diferente. Percebi que eu mesma estava diferente. A magia tinha-se perdido um pedacito. E, apesar de o Natal ter sido bem vivido, tudo estava bem diferente à minha volta. Eu e o Diogo tínhamos crescido, a mamã e o papá envelhecido e o apartamento deixado para trás.
Hoje conhecemos um novo Natal na chamada "casa nova", que já conta com nove aninhos de vivência. Estamos felizes. E o apartamento? O apartamento é a minha infância, que ficará para sempre bem guardada nas minhas gavetas.
E vocês? Que mudança vos fez ver o Natal de um ângulo diferente?
Lembro-me do apartamento onde vivias :) compreendo-te perfeitamente. Quando mudei de casa também senti isso tudo... Mas quando deixei de passar o Natal com o resto da família foi uma mudança ainda maior. Já desde à 5/6 anos só o passo com os meus pais, nesta casa onde cabia tanta mais gente. Mas (in)felizmente é e será assim também este ano. É muito diferente quando se tens os avós/tias/primos por perto!
ResponderEliminarAs mudanças pricipais foram, essencialmente, a mudança de ambiente entre a família. Muita coisa tornou-se complicada. E isso nota-se muito mais nestas ocasiões. Mas há que manter os mais importantes por perto.
ResponderEliminarAqui tens a minha participação :) Beijinhos http://avidadelyne.blogspot.pt/2015/12/bloggercc-recordacoes-de-infancia-de.html?m=1
E as melhores memórias ficas sempre bem guardadas :)
ResponderEliminarComo me identifico tão bem nas tuas palavras, "o apartamento"... :)
ResponderEliminarMudei de casa quando os meus pais se divorciaram, à cinco anos atrás também senti que parte do Natal tinha mudado
Gostei tanto deste texto, em especial do seguinte excerto: «Foi nesse momento que me apercebi que nunca conseguimos trazer as nossas trouxas todas em mudanças. Nunca. Há sempre partes da nossa vida - das importantes! - que ficam nos sítios por onde passamos.». Ainda bem que guardas "o apartamento" com tanto carinho. É sinal de que te deu boas memórias.
ResponderEliminarBeijinho*
vivi num apartamento 19 anos, mudei ontem para a casa nova. e senti tanto que nunca trazemos tudo connosco.
ResponderEliminarBem, o que faz deixar bocados do meu Natal para trás e não ter tudo o que preciso no Natal é sem dúvida os Natais na casa do meu avô. Ele sim, vivia o Natal. Era tal e qual a ti, ou pior! A única coisa diferente, é que não gostava de fotografias :p mas lá tirava quando eu e os meus primos insistíamos! O meu Natal não muda por um apartamento, como o teu... mas é quase como se fosse. Adorei o que escreves-te (para variar :p)!!! Beijinho Inês **
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