Tradições Natalícias | D A Y 14

O bacalhau. O polvo grelhado porque o Diogo não simpatiza com o bacalhau. O bolo-rei que o papá traz do "Bom Gosto", ainda quentinho. Aquela prenda que está escondida onde ninguém sabe, exceto quem a comprou. Aquela prenda que esteve no pinheiro o Dezembro inteiro com um embrulho de patinhos e ursinhos, mas que afinal era aquela prenda, sem ninguém suspeitar. A temperatura da casa, sempre tão boa que faz corar as bochechinhas de todos. A mesa dos primos: eu, o Diogo, a Kika e a Nonó. A mesa dos crescidos. A Coca-Cola que passa da mesa dos crescidos para a mesa dos primos e vice-versa. A graaaaaande mesa de doces na sala de jantar. O pão-de-ló húmido que acaba antes de se abrirem as prendas. Os meus tios. Os meus avós. Os meus pais. Eu nostálgica. A pensar em como estaria no ano anterior, que conquistas fiz, que coisas deixei para trás. Os nossos pijamas natalícios. A toalha da mesa que não muda desde que nasci. É certo que a noite acaba comigo a chorar. Também é certo que os faço a todos chorar com os flashes que levam nos olhos. O perfume enjoativo da vovó. O cheirinho bom da mamã. A felicidade nos olhos do meu pai, tão evidente do quanto ele adora o Natal, sem que o diga em voz alta. O cansaço da minha mãe de andar de fogão em forno, escada acima, escada abaixo. Os copos que são sempre insuficientes neste dia. A cómoda da sala que passa a ser uma dupla mesa para pratos, doces e talheres. A minha Nonó eufórica. As mensagens de Natal do Xavier e da Patrícia. As mensagens de Natal de quem nem  sequer conheço. A roupa velha no dia seguinte. Os filmes de Natal na TVI que não nos importamos de rever. Os papéis de embrulhos que são só varridos no dia seguinte. Os brinquedos que a Nonó abre só no dia 25, para não perder "pecinhas". Eu cheia. Mas com vontade de provar mais qualquer coisa da mesa. Eu feliz. Eles felizes. Tudo está bem.