É à mesa...


que costumamos falar de política, politiquices e de políticos - que de políticos têm pouco, por vezes. E, ontem então, houve conversa e muitas gargalhadas. Depois de lermos este artigo no Observador ficamos um tanto intrigados com a tríade dos candidatos à presidência que iam debater na TVI24. Era ela composta por Marcelo Rebelo de Sousa, Cândido Ferreira, Vitorino Silva (o "famoso" Tino de Rans) e Jorge Sequeira.

Convido-vos a verem o programa para depois retirarem as vossas próprias conclusões. Mas deixo aqui algumas das minhas:




É admirável que Portugal tenha portugueses que queiram fazer algo à séria, ao invés de estarem no café a chacinar atitudes políticas. E, neste sentido, fico realmente contente que, nesta candidatura, em particular, hajam mais candidatos comuns, sem partidos fixos e pretensões extra. 

O Tino de Rans é o Tino de Rans e, por muito que eu o queira levar a séria - e acreditem que me esforcei imenso para o fazer ontem, assim como todos os outros candidatos (e moderador) na sala, penso eu - ele é um dos candidatos mais facilmente desacreditados. E, com isto, digo que é difícil que no dia de eleições alguém que tenha assistido ao mesmo debate a que eu assisti, o queira como Presidente da República. Não estou a criticar a boa vontade (e, em parte, o sonho) da pessoa que "pôs Rans (concelho de Penafiel) no mapa", nem a música "Pão pão pão pão Com Manteiga é que é Bom", mas critico sim a falta de noção que Vitorino Silva tem. De si, dos outros e creio que do próprio país. Se a sua candidatura é legítima? Claramente. Certamente que reunir uns milhares de assinaturas não foi tarefa fácil. Se ele é digno de vir a ocupar tal cargo, em Portugal? Não. Eu não julgo as pessoas pelo sotaque, pela sua origem, nem tão pouco pela profissão das mesmas. No entanto, tenho a perfeita noção de que por vezes, temos que perceber que há coisas bem maiores do que nós e que ter vontade de ser não é a mesma coisa que ter capacidade para o ser.

Questionado sobre quem é o seu principal adversário, Tino de Rans não tem dúvidas. "É este homem que está aqui ao meu lado", afirmou, apontando para Marcelo Rebelo de Sousa. "Vamos estar frente a frente na segunda volta. Temos muita força e sinto isso no terreno", assegurou o calceteiro, acrescentando que, caso seja eleito, "vai devolver o Palácio de Belém" ao povo, pois é muito grande para apenas uma família. 
(retirado do Jornal Negócios)

Cândido Ferreira abandonou o programa penso que nos primeiros cinco minutos do mesmo. E fê-lo cheio de motivos. Não conseguiu aceitar o facto de as estações televisivas darem uns meros minutos de antena a candidatos de segunda e deixar grandes debates finais para as três figuras que lideram, neste momento, as sondagens - Maria de Belém, Sampaio da Nóvoa e Marcelo Rebelo de Sousa. E eu só posso concordar com ele. Vivemos numa democracia e, ainda que seja estrategicamente apelativo, deixar que os três candidatos mais mediáticos decorem as nossas televisões é tudo menos democrático. Não me tinha apercebido que isto estava a acontecer se não fosse Cândido Ferreira a referi-lo e a fazê-lo, também de forma estratégica, em plena emissão da TVI24. Estou-lhe grata pelo discurso que preparou e acredito sinceramente que irá mudar a forma como se lida com candidatos "menos conhecidos". Ressalvo também a atitude subsequente de Marcelo Rebelo que, apesar de ser o queridinho de Portugal, não deixou de confessar que concordava com a atitude de Cândido Ferreira e ainda mais: propôs-lhe um futuro frente-a-frente justo, como ele e os outros candidatos mereciam.


"Não me resignarei perante tão profunda e injusta discriminação", declarou o candidato, que considerou que essa mesma discriminação "ficará para sempre a envergonhar esta eleição e a reduzir a democracia em Portugal"

(retirado do Jornal Negócios)

Jorge Sequeira é professor universitário, psicólogo e também, a meu ver, um senhor. Nota-se a léguas que é uma pessoa bem formada, sem ligações partidárias, como fez questão de o referir. Destaco algumas das coisas que disse durante o debate e que me fizeram perceber que Portugal ainda tem pessoas assim: que pensam à séria. 

"Sou um político apartidário. Não quero viver num país em que a política seja dada apenas aos políticos. Assim a democracia sai coxa", sustentou o psicólogo.

 Jorge Sequeira disse (...) que é o "homem certo para o lugar incerto". "Tenho um sonho", disse, repetindo a mesma frase em inglês, "I have a dream", antes de acrescentar: "Não deixem que pequenas pessoas matem sonhos grandes".
(retirado do Jornal Negócios)


Por fim, Marcelo Rebelo de Sousa, pareceu sair a ganhar deste debate. É também ele uma figura exemplar. Por saber ouvir. Por conhecer Portugal. Por saber onde se está a meter e por, em simultâneo, não se meter com ninguém. Está a jogar limpo e está a jogar bem. Muitos são os comentários negativos acerca da sua grátis e fácil "propaganda" aquando da sua função como comentador político da TVI, mas a verdade é que é o único candidato que mostra não só uma extrema meritocracia como uma imparcialidade e clareza de ideias brutal. Se me interessa que tenha amizades más como é o caso de Ricardo Salgado? Não. Se me incomoda que seja um Presidente da República sem Primeira Dama? Não mesmo. E deixem-me que vos diga que argumentou de uma forma muito inteligente e sincera acerca deste assunto ontem, defendendo que o cargo de Presidente da República deve ser uma responsabilidade individual, unipessoal, alegando que ter uma primeira dama é um hábito típico da monarquia e não da democracia. Nunca tinha pensado nisto, mas Marcelo pensou.

Para Marcelo, não há candidatos de primeira, nem de segunda. "Somos todos candidatos de primeira."

Comentários

  1. Olá Inês! :) Cheguei ao teu blogue através do blogue da Carol (L13) e acho que estive cerca de 2hrs a percorrer os teus posts. Gostei imenso de conhecer o teu cantinho! :) Vou seguir com atenção! :)
    Quanto ao tema deste post, ainda não tive oportunidade de ver a entrevista mas ainda assim concordo com a tua opinião relativamente aos candidatos. O Tino de Rans não tem credibilidade política e o Marcelo Rabelo de Sousa parece-me um candidato que reúne uma série de características que considero fundamentais: é extremamente inteligente, atento, perspicaz e, a mim, transmite-me confiança. Não gosto especialmente de política, nem tenho qualquer inclinação partidária mas gostava que fosse ele a ganhar. Acho que Portugal ficava em boas mãos e bem precisa....

    Beijinho*

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  2. Que bom que é ver uma blogger atenta a estas questões! Tens toda a razão quanto ao Tino de Rans, no entanto, o professor Marcelo Rebelo de Sousa já me convenceu mais... O que acontece porém é que neste rol de candidatos, o que uns têm de bom, falta a outros e vice versa e parece-me que o prof é o que reune mais credibilidade e capacidade de se fazer ouvir. A ver vamos!

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  3. Tenho o programa gravado mas dou.te razão. Portugal só segue dois partidos PS e PSD e não quer saber da opinião dos outros. Seria justo o frente a frente da mesma forma para todos. Mas Portugal é assim, é de extremos ou é tudo ou não é nda.

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